sexta-feira, 29 de dezembro de 2023

AUTISMO

"EPIDEMIA DIAGNÓSTICA E TRATAMENTOS"
O autismo não é localizado em exames de sangue ou cerebrais, pois o diagnóstico é clínico, nos sintomas que se apresentam. Com o DSM-5 (2013), o espectro autista se transforma em um transtorno do neuro-desenvolvimento, que prioriza a adaptação cognitiva em detrimento da complexidade psíquica, e apaga o sujeito a ser trabalhado subjetivamente, visando especialmente a adequação do comportamento. O efeito é apatologização da infância, epidemia diagnóstica de autismo, medicalização crescente de crianças, tratamentos adaptativos de alto custo financeiro, que visam o desempenho e automatizam o comportamento. Abordagem de mercado divulgada nas mídias, que propaga uma falha no cérebro que não está comprovada pela ciência, treinando crianças sem levar em conta as causas, os afetos singulares e o entorno familiar tão importantes para o tratamento. Penso que a intervenção com crianças autistas deva partir das produções enigmáticas, sem sentido, repetitivas que são formas próprias de sua tentativa de comunicação. A partir daí oferecer um espaço e tempo possíveis para que se dê a possibilidade de uma construção psíquica infantil, que por alguma razão não se constituiu ainda. Imagem: Luciano F.

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