sexta-feira, 21 de maio de 2021

NOSSA SUBJETIVIDADE INFANTIL

 

                                     

O nascimento em si é uma crise primordial que se apresenta ao psiquismo, onde se instala a marca de uma relação biológica interrompida.

A placenta como uma parte de si que perde ao nascer, assim como o seio materno em sua função de corte, simbolizam o "objeto perdido", instauram um vazio, um buraco a ser preenchido de um objeto jamais reencontrado e sempre substituído.

Jacques Lacan, psiquiatra e psicanalista fala de um reencontro com o signo de uma repetição impossível, como a busca incessante no "Outro" do que falta em nós mesmos. 

Nossa subjetividade gira em torno desta falta e o que fazemos com ela.

De acordo com Sigmund Freud, ocorre uma perda da libido que induz o  sujeito a buscar fora de si mesmo uma completude. Podemos pensar no mal estar da civilização quando diz que o prazer que se busca nunca será completo, pois sempre faltará algo.  

Isto nos remete ao nosso mundo contemporâneo com a ilusão do corpo/imagem perfeita ou da “felicidade” total ofertada pelo mercado, mas nunca alcançada completamente, somente nos primórdios do nascimento.                                                       

Neste sentido, a falta é o que move nosso desejo e nos desafia diante da vida.                        

                           
                                        Ana Lucia Esteves. Psicanalista/Psicóloga

 

                                         

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