sábado, 9 de janeiro de 2021


 

LIMITES NA RELAÇÃO PAIS/FILHOS



A colocação de limites é essencial ao desenvolvimento infantil.
Não se trata somente de fazer obedecer, são pontos de orientação que geram a confiança que as crianças necessitam, em uma ação que mostra impedimentos e aponta outras direções. Não é somente dizer "não" o tempo todo, mas apontar o que é possível. Tampouco é simples saber exercer a autoridade necessária sem ser autoritário, pois a autoridade se fundamenta, segundo E. Laurent, sobre o que é autorizado e não sobre o que é proibido.
Dar limites é poder ensinar a conviver com a frustração e adiar a satisfação, pois o convívio fora do lar protegido requer este saber, ou seja, fortalecer-se para enfrentar as dificuldades que a realidade impõe. Uma criança que reina em sua casa, sempre atendida em tudo o que quer, terá dificuldades em aceitar restrições, normas e conviver no coletivo escolar.
Tanto na clínica quanto nas escolas recebemos constantes queixas de agressividade infantil, que entre outros, é um sintoma que mostra uma mensagem alterada de reconhecimento e um pedido de que o ambiente os contenha.

Ana Lucia Esteves/Psicanalista

         "O LUTO E DEPOIS.."


A perda de alguém amado, infelizmente experiência de mais de 500 mil famílias no Brasil com a pandemia atual. Corte profundo e repentino sem a possibilidade do ritual de despedida, quando dividimos a dor da perda junto a familiares e amigos. 

A experiência diante da morte e da finitude move intensa angústia, ferindo nossa onipotência quando não há o que fazer, a não ser aceitar o limite da vida do outro que amamos. Ao mesmo tempo também nos deparamos com o tempo de nossa vida que nos remete aos ideais, fantasias e desejos muitas vezes ainda não alcançados.

É importante em nossa sociedade acelerada, poder respeitar o nosso próprio tempo de expressão da dor, seja no choro, tristeza ou afastamento social.

Neste período de elaboração do luto, vamos aceitando aos poucos a perda da pessoa amada, mas sempre recuperando um traço, uma marca de vida que tenha nos deixado, um jeito, um desejo, um gosto que assimilamos para nós e que levamos para nossa vida. Quando buscamos e inventamos com a perspectiva do tempo nossos próprios gostos e vontades, reiniciando um outro ciclo de vida com outras trocas afetivas.

O individualismo da atualidade, na verdade não nos favorece. É  uma ilusão prescindir de SER com o outro, pois nossa vida sempre se constitui desde o nascimento nas relações de afeto com as pessoas, dentro e fora do núcleo familiar, direcionando o sentido de nossa vida.

Poder chorar, falar o que sentimos e pensamos com alguém, com um familiar, um terapeuta ou um amigo para poder escutar-se e fortalecer-se nas escolhas e caminhos, via reinícios.

Ana Lucia Esteves/Psicanalista