LIMITES NA RELAÇÃO ENTRE PAIS E FILHOS
“O fundamento da autoridade é poder dizer sim” - Eri Laurent
Na atualidade, os pais queixam-se do comportamento voluntarioso, agitado
e agressivo dos filhos. Estes, por sua vez, são nomeados como problemáticos e
sem limites. As relações sociais e culturais que a criança vivencia são
diferentes da época de seus pais. Hoje a família apresenta novas configurações,
novos arranjos e diferentes formas de convívio no tempo e espaço contemporâneo.
As leis que regem a convivência têm se diluído, faltando referência e
consistência nas palavras e ações do adulto na relação com as crianças e
jovens. Efeito do mundo tecnológico e globalizado, que tem provocado mudanças
nos valores e padrões de comportamento. Com a pluralidade de posturas e
escolhas é difícil definir o que pode ou não pode na educação dos filhos.
Observamos um excesso como resposta, que vai da superproteção ao desamparo.
Vivenciamos uma indefinição de papéis sociais e uma destituição das
funções familiares, onde a diluição da
autoridade nas leis que conduzem as referências identificatórias se perdem. É
na intenção de fazer o melhor que os pais igualam-se aos filhos, na posição de
"amigos", em uma relação de simetria, perdendo sua função na
transmissão da subjetividade infantil. A
falta de tempo e a busca de satisfação imediata na atualidade reflete-se na
tendência em satisfazer os filhos em todas as suas vontades, em oposição às
restrições que viveram quando crianças. Segundo Rousseau, "...não se deve
conceder à criança porque pede, mas porque precisa. Foi porque precisou que
começou a falar".
A colocação de limites é essencial ao desenvolvimento infantil. Não se
trata somente de fazer obedecer, são pontos de orientação que geram a confiança
que as crianças necessitam, em uma ação que mostra impedimentos e aponta outras
direções. Não é somente dizer "não" o tempo todo, mas apontar o que é
possível. Tampouco é simples saber exercer a autoridade necessária sem ser
autoritário, pois a autoridade se fundamenta, segundo E. Laurent, sobre o que é
autorizado e não sobre o que é proibido.
Dar limites é poder ensinar a conviver com a frustração e adiar a satisfação, pois o convívio fora do lar protegido requer este saber, ou seja, fortalecer-se para enfrentar as dificuldades que a realidade impõe. Uma criança que reina em sua casa, sempre atendida em tudo o que quer, terá dificuldades em aceitar restrições, normas e conviver no coletivo escolar.
Dar limites é poder ensinar a conviver com a frustração e adiar a satisfação, pois o convívio fora do lar protegido requer este saber, ou seja, fortalecer-se para enfrentar as dificuldades que a realidade impõe. Uma criança que reina em sua casa, sempre atendida em tudo o que quer, terá dificuldades em aceitar restrições, normas e conviver no coletivo escolar.
Tanto na clínica quanto nas escolas recebemos constantes queixas de agressividade
infantil, que entre outros, é um sintoma que mostra uma mensagem alterada de
reconhecimento e um pedido de que o ambiente os contenha.
Acredito que muitos pais que se apresentam perdidos na educação dos filhos possuam o bom senso de como devem agir, mas falta confiança em si próprios para sustentar seu lugar e sua palavra na relação com as crianças. Temem ser repressores, traumatizá-los ou não conseguem suportar ver seus filhos insatisfeitos. A tentativa de atender a todas as demandas infantis, se torna uma missão impossível, na medida em que por mais que tentem não há satisfação que se aplaque a não ser com o encontro do limite que a própria realidade impõe. A vida é feita de limites a serem respeitados e frustrações a serem ultrapassadas.
A identificação na infância com o mundo adulto vai se construir nas experiências do cotidiano apresentadas e vivenciadas. As crianças e os jovens precisam deste saber, amor e confiança, pois os pais ou responsáveis são como um espelho onde os filhos se refletem e começam a modelar seus passos.
A identificação na infância com o mundo adulto vai se construir nas experiências do cotidiano apresentadas e vivenciadas. As crianças e os jovens precisam deste saber, amor e confiança, pois os pais ou responsáveis são como um espelho onde os filhos se refletem e começam a modelar seus passos.
Ana Lucia Esteves
Psicanalista
Psicanalista
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