Artigo:
A Diversidade No Contexto Educacional
Atividades realizadas pela maioria das crianças como: freqüentar uma
escola, pegar um ônibus, ir ao parque ou mesmo tocar um instrumento,
constituem-se no sonho de muitas crianças e adolescentes que
apresentam necessidades educacionais especiais.
Poder fazer parte do circuito educacional, cultural e social é um
direito ainda a ser conquistado, e que vem ganhando força a partir da
década de 90. A Declaração de Salamanca-Espanha (UNESCO-1994), reforça
o consenso internacional acerca da escola inclusiva, com a proposta do
acesso de crianças com necessidades especiais nas escolas regulares,
onde estas devem estar preparadas para recebê-las.
A inclusão no contexto da Educação não é tarefa fácil, constituindo-se
atualmente num dos maiores desafios do Sistema Educacional. O que se
verifica na prática é que as limitações ocorrem não só em como lidar
com esta criança, mas às dificuldades e resistência que a sociedade
impõe. O mundo contemporâneo ao postular a "criança ideal", acaba por
negar as diferenças e a subjetividade da criança que não consegue
responder a este ideal.
É preciso garantir a expressão do que há de singular em cada aluno,
pois o "normal" e o "anormal" não se encontram dentro da criança, mas
externo a ela, naquilo que os outros (a sociedade) percebem, segregam
e estigmatizam. Sendo a diversidade termo bastante amplo o que ocorre
é a homogeneização das diferenças, perdendo-se de vista a abordagem
relativa a cada caso. A simples inserção desta criança na classe comum
possui um "aparente" efeito normalizador, porém isto não assegura a
aprendizagem. Neste sentido, efetivas políticas e práticas pedagógicas
e institucionais têm sido implantadas sensibilizando escolas,
professores, pais e a comunidade. Tornam-se importantes a escuta e o
apoio técnico ao educador, para que possa suportar a angústia inicial
frente ao diferente e à adversidade, que por vezes vai refletir o que
há de estranho e diferente em si mesmo. A atuação do professor
revela-se fundamental, quando a diversidade passa a se apresentar como
um VALOR a ser cultivado, gerando atitudes pedagógicas criativas que
incorporam as diferenças.
Faz-se necessária uma mudança no olhar destinado às crianças com
necessidades educacionais especiais, oferecendo a elas outro lugar que
não o da patologia; nem tampouco do aluno ideal, mas da criança
que se escuta e reconhece em suas expressões e desejos, como um
sujeito-criança que pode viver uma oportunidade.
Ana Lucia Esteves
Psicóloga/Psicanalista
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