quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

A PASSAGEM ADOLESCENTE PÓS-MODERNA


Artigo:

“A PASSAGEM  ADOLESCENTE  PÓS-MODERNA”



ADOLESCERE(latin): Significa brotar, fazer-se grande, crescer.


O adolescente vivencia mudanças acentuadas em um curto espaço de tempo que causa estranheza na relação com seu corpo, sexualidade, laços familiares e sociais. Alterações corporais, de humor, comportamento e ao mesmo tempo um grande esforço para responder às expectativas do grupo familiar e social.
Ocorre que na atualidade também encontramos mudanças na configuração familiar, com a fragilidade no exercício das funções parentais. Parece difícil atualmente a família exercer um papel de autoridade e ao mesmo tempo de flexibilidade, atuando muitas vezes com excessos: controle e  superproteção ou permissividade e alheamento. O encontro acontece em torno dos aparatos tecnológicos e o suporte subjetivo encontra-se cada vez mais escasso. O excesso de relações virtuais surge como uma defesa contra o desamparo e a solidão, preenche o vazio de referências e afasta processos de interiorização.
Independente da nova composição familiar que se apresenta na atualidade, é necessário que ocorra um suporte familiar que acolha, escute, interdite, aponte possibilidades e reconheça a autonomia e independência dos jovens.
Hoje vivemos uma cultura da imagem e do consumo imediato. As referências identificatórias se encontram diluídas, não existem mais comportamentos padrão a serem seguidos, pois hoje tudo pode ser vivido desde que sem compromisso.
Quanto mais as referências, valores e ideais se diluem, maior a necessidade de certezas. A procura pelo prazer imediato e descartável em relações sexuais e afetivas sem compromisso.
A agressividade surge como um recurso defensivo na busca de limite e reconhecimento, numa mensagem de temor e desamparo. A relação com as drogas, com o virtual  e os transtornos alimentares se apresentam como substitutos dos vínculos subjetivos que não consegue acessar,  e ao mesmo tempo fornece a ilusão de domínio de si próprio diante da queda dos ideais da infância.
Enquanto a infância se encurta cada vez mais, os jovens não amadurecem, os pais parecem não envelhecer, e a adolescência se alonga adiando assim a relação com o mundo adulto.
Esta contradição entre carência de comunicação e vínculos na era da globalização pode resultar em uma fratura na passagem adolescente, e um desencontro com a busca de um lugar próprio.