Artigo:
“A PASSAGEM ADOLESCENTE PÓS-MODERNA”
ADOLESCERE(latin):
Significa brotar, fazer-se grande, crescer.
O adolescente vivencia
mudanças acentuadas em um curto espaço de tempo que causa estranheza na relação
com seu corpo, sexualidade, laços familiares e sociais. Alterações corporais,
de humor, comportamento e ao mesmo tempo um grande esforço para responder às
expectativas do grupo familiar e social.
Ocorre que na atualidade
também encontramos mudanças na configuração familiar, com a fragilidade no
exercício das funções parentais. Parece difícil atualmente a família exercer um
papel de autoridade e ao mesmo tempo de flexibilidade, atuando muitas vezes com
excessos: controle e superproteção ou
permissividade e alheamento. O encontro acontece em torno dos aparatos
tecnológicos e o suporte subjetivo encontra-se cada vez mais escasso. O excesso
de relações virtuais surge como uma defesa contra o desamparo e a solidão,
preenche o vazio de referências e afasta processos de interiorização.
Independente da nova
composição familiar que se apresenta na atualidade, é necessário que ocorra um
suporte familiar que acolha, escute, interdite, aponte possibilidades e reconheça
a autonomia e independência dos jovens.
Hoje vivemos uma cultura
da imagem e do consumo imediato. As referências identificatórias se encontram
diluídas, não existem mais comportamentos padrão a serem seguidos, pois hoje
tudo pode ser vivido desde que sem compromisso.
Quanto mais as
referências, valores e ideais se diluem, maior a necessidade de certezas. A
procura pelo prazer imediato e descartável em relações sexuais e afetivas sem
compromisso.
A agressividade surge
como um recurso defensivo na busca de limite e reconhecimento, numa mensagem de
temor e desamparo. A relação com as drogas, com o virtual e os transtornos alimentares se
apresentam como substitutos dos vínculos subjetivos que não consegue
acessar, e ao mesmo tempo fornece a
ilusão de domínio de si próprio diante da queda dos ideais da infância.
Enquanto a infância se
encurta cada vez mais, os jovens não amadurecem, os pais parecem não
envelhecer, e a adolescência se alonga adiando assim a relação com o mundo
adulto.
Esta contradição entre
carência de comunicação e vínculos na era da globalização pode resultar em uma
fratura na passagem adolescente, e um desencontro com a busca de um lugar
próprio.